segunda-feira, 23 de maio de 2016

A vitamina D e o sol

Segundo pesquisas, aproximadamente 60% dos brasileiros têm insuficiência ou deficiência de Vitamina D. A vida cada vez mais atribulada e a permanência em ambientes fechados, principalmente devido a compromissos profissionais, são alguns dos principais fatores que inibem a exposição ao sol regularmente e, consequentemente, contribuem para esse cenário preocupante.

Preocupante porque a vitamina D é essencial tanto para o desenvolvimento ósseo e crescimento das crianças, quanto para manutenção da integridade óssea em adultos. Por isso, tem um papel importante na prevenção da osteoporose e das fraturas, principalmente nos idosos. A sua principal fonte são os raios ultravioletas emitidos pelo sol, do tipo B (UVB). A síntese cutânea é responsável por 80% a 90% da vitamina D circulante.
Mesmo a exposição solar sendo a melhor forma de repor esta vitamina, é necessário lembrar que, segundo os dermatologistas, não existe exposição solar segura. Até porque o melhor horário para a reposição é justamente o pior horário para a pele. “A produção de vitamina D acontece graças a radiação UV, a mesma que causa danos irreversíveis na pele. A maior produção desta vitamina ocorre no horário mais danoso à pele, das 10h às 16 horas, quando há maior incidência de raios UV”, explica o dermatologista
André Luiz Simião, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Coordenador do ambulatório de Câncer de Pele PUCCAMPINAS.
O médico e pesquisador, Eduardo Villamor, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan, explica que para que a pele possa produzir vitamina D, uma pessoa não precisa ficar exposta ao sol por uma quantidade excessiva de tempo ou expor todo o corpo ao sol. É possível produzir a vitamina D expondo apenas uma extremidade do corpo por alguns minutos.
“Se a pessoa tem uma predisposição clara para desenvolver problemas de saúde devido à exposição ao sol deve, obviamente, evitá-lo. Um dos principais temores é o câncer de pele, mas nem todo mundo tem a mesma predisposição para desenvolvê-lo a partir de exposição ao sol”, explica o pesquisador brasileiro que trabalho nos EUA.
Diferentes tipos de pele reagem de forma distintas à exposição solar. “Pessoas de pele muito clara, com antecedente pessoal ou familiar de câncer de pele, não devem se expor a radiação solar por seu risco muito alto de desenvolvimento de uma nova neoplasia. A conduta nesse caso deve ser individualizada a cada paciente, porém é importante o uso de protetores solares em áreas de maior risco, como o rosto e mãos e evitar a exposição no horário de maior incidência de radiação UV, ou seja, das 10h às 16horas”, explica o dermatologista André.




Outras fontes


Já que a exposição ao sol requer tantos cuidados, uma alternativa para a reposição da vitamina D seria a nutricional, com o consumo de alimentos de origem animal e suplementação. “Alimentos como salmão, sardinha, atum, ovo, carne bovina são excelentes fontes, no entanto, uma porção de salmão de 100g fornece apenas 6,85% das necessidades diárias de vitamina D, o que torna muito difícil a reposição ou manutenção da vitamina D através da alimentação, sem o uso de suplementos ou exposição solar de risco”, ressalta André.

De acordo com o médico especialista da Universidade de Michigan, uma alternativa seria a conscientização do público, incluindo os setores da comunidade médica e a indústria farmacêutica (que produz protetor solar) do fato de que nem todas as pessoas precisam evitar completamente a exposição ao sol. “Outras estratégias para aumentar o nível de vitamina D de uma população incluem a fortificação de alimentos mais consumidos e suplementação a base de vitamina D.

Para saber os níveis de vitamina D, basta um exame de sangue. No entanto, esse exame não está indicado em todos os casos, e deve ser interpretado utilizando os dados clínicos do paciente. O dermatologista ressalta a importância da individualização de conduta, já que cada paciente tem um perfil e uma necessidade diferente. “Para uma criança, é saudável se expor ao sol em horários seguros, porém para um adulto de pele clara, com antecedente familiar de câncer de pele esta recomendação pode ser prejudicial, sendo preferível o uso de suplementos de vitamina D. É importante ressaltar que a produção de vitamina D pela pele diminui muito com o envelhecimento cutâneo. Para se ter uma ideia, uma pessoa de 70 anos produz 1/4 da vitamina D que seria sintetizada por um jovem de 20 anos, neste caso, a suplementação é mais indicada e segura do que a exposição solar”, explica André.

Os especialistas ressaltam que as mulheres devem tomar cuidado redobrado, já que a incidência de problemas ósseos, como a osteoporose, é maior nelas do que nos homens. Isso ocorre pela diminuição dos hormônios sexuais na menopausa.

Dr André explica que tanto a exposição solar em excesso quanto a falta da vitamina D fazem mal à saúde, porém a exposição solar de risco causa danos irreversíveis na pele, aumentando muito o risco do desenvolvimento de câncer de pele ao longo da vida. “Infelizmente a radiação UV é acumulada na pele e esse fator de risco após alguns anos não é modificável, no entanto, a falta de vitamina D, apesar de causar danos a saúde, é um fator modificável, já que é possível sua correção a qualquer momento com o uso de suplementos de vitamina D, sob orientação médica”, alerta.

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