segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Artroplastia cervical: a técnica cirúrgica que recupera os movimentos da coluna

vertebral

Segundo pesquisas, cerca de 80% dos brasileiros sofrem com alguma patologia que atinge a coluna vertebral

Hérnia de disco, escoliose, lordose, dor ciática, osteoporose... muitas pessoas não gostam nem de ouvir falar nessas doenças tamanha a intensidade de suas dores e desconfortos. Segundo dados de pesquisas recentes, pelo menos 80% dos brasileiros sofrem com alguma dessas patologias que atingem a coluna vertebral, principalmente as doenças degenerativas como a discopatia e a hérnia discal. Na maioria dos casos, tratamentos simples com o uso de relaxantes musculares ou fisioterapia aliviam os sintomas, mas há casos em que a intervenção cirúrgica é a única saída para controlar a doença.

A recuperação dos movimentos


Novidade entre os tratamentos de doenças da coluna, principalmente de hérnias ou desgaste da coluna pelo envelhecimento, a artroplastia é uma maneira mais rápida e menos agressiva para o paciente. Além de haver menor possibilidade de complicações e alta em poucos dias.

— Uma das principais vantagens deste tipo de prótese é que ela preserva o movimento natural da coluna — explica Paulo Porto de Melo, médico neurocirurgião formado pela UNIFESP e colaborador do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Saint Louis (Missouri – EUA).

Essas dores no braço, na perna, formigamento nos pés e nas mãos, dormência nos braços e nas pernas, diminuição de força e atrofia de musculatura, eram tratados com a artrodese. O procedimento usa a técnica de fixação óssea com parafusos e placas, o que limita os movimentos do paciente.

— A coluna é o que sustenta o esqueleto humano e dá o movimento ao nosso pescoço e tronco. Com a artrodese há uma fusão de uma das vértebras dessa coluna. Isso significa que após a cirurgia haverá uma restrição do movimento nessa articulação — explica o neurocirurgião.

Segundo ele, a artroplastia é indicada em casos de espondilolistese, hérnia discal recidivante, trauma e tumores. É a melhor opção para o paciente devido aos vários benefícios: manutenção da movimentação normal da coluna cervical, menor risco de necessidade de nova cirurgia, melhores resultados clínicos, menor incidência de dor pós-operatória, menor incidência de disfagia (dificuldade para deglutir), melhores resultados neurológicos e restauração da coluna cervical aos parâmetros fisiológicos.

— Se podemos oferecer todos estes benefícios ao paciente, preservando sua mobilidade normal, porque recair sobre uma técnica antiga que não lhe traria tantos benefícios e ainda lhe limitaria a mobilidade? — questiona.

Como é feito o procedimento


Através de uma incisão na parte anterior do pescoço, o disco inteiro é retirado sendo substituído por uma prótese de metal e polietileno de alta densidade. A prótese permite que o espaço discal volte a realizar movimentos dentro dos limites normais, restituindo o balanço mecânico adequado da coluna.

— Nesse tipo de cirurgia há a utilização de componentes móveis. Ainda é considerada uma nova tecnologia, mas já é preferida em muitos casos de cirurgia da coluna vertebral. Ela alia ótimos resultados à satisfação dos pacientes — destaca o médico.


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Dor no nervo ciático é sintoma de hérnia de disco em 90% dos casos

A cirurgia é indicada só para pacientes graves que não melhoram com tratamentos conservadores

Muitas vezes interpretada como doença, a dor no nervo ciático – aquela que se inicia na região lombar, passa pelas nádegas e vai até a parte mais baixa de uma ou das duas pernas – é na verdade um sintoma de outro problema. Na grande maioria das vezes, cerca de 90% das queixas, o motivo é uma hérnia de disco que, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), afeta cerca de cinco milhões de brasileiros. Os outros 10% podem ter causas como atividades físicas pesadas, posturas erradas, tumores e fraturas na coluna. De acordo com o médico Alexandre Elias, neurocirurgião especialista em coluna, chefe do setor de cirurgia da coluna vertebral na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a hérnia de disco é uma doença que ocorre pelo desgaste ou trauma dos discos vertebrais lombares ou cervicais, que acabam pressionando as raízes nervosas mais próximas, provocando a dor. Com o passar do tempo, o problema chega a interferir na qualidade de vida, até mesmo limitando atividades rotineiras. "Além da dor no nervo ciático, acompanhada de dormência e fraqueza que correm para as pernas e dedos, o paciente pode apresentar ainda sintomas como formigamento e dor na região do quadril", alerta Elias. "Mais comum em pessoas entre 30 e 50 anos, o problema acontece quando o disco intervertebral é enfraquecido ou sobrecarregado, sofrendo pequenas fissuras e rompendo as fibras que o constituem. Isto faz com que o núcleo pulposo (um material semelhante a uma gelatina de cor esbranquiçada que fica dentro de cada disco e que serve como amortecedor da coluna) ultrapasse seus limites, isto é, vá para fora do disco, pressionando o nervo que passa bem ali ao lado, no caso o ciático", reforça o profissional.


Outros fatores

Fatores como envelhecimento natural, exercícios físicos intensos praticados por atletas "de fim de semana"; o vício de manter a coluna com postura errada, ou o hábito de carregar pesadas mochilas nas costas (que começa ainda na infância) prejudicam a coluna ao longo do tempo e também levam à dor no nervo ciático.  

"Muitos homens têm o costume de levar a carteira no bolso de trás da calça, sempre do mesmo lado, e não a tiram de lá quando sentam no carro, nem quando chegam ao trabalho. Acabam passando várias horas do dia com um desequilíbrio na postura em função da carteira no bolso. Anos depois, começam a aparecer as dores e a pessoa nem imagina o motivo"  

Rogério Sawaia, ortopedista

O ortopedista Rogério Sawaia, do Hospital Samaritano de São Paulo, lembra que existem vícios de postura que não são percebidos no dia a dia: "Muitos homens têm o costume de levar a carteira no bolso de trás da calça, sempre do mesmo lado, e não a tiram de lá quando sentam no carro, nem quando chegam ao trabalho. Acabam passando várias horas do dia com um desequilíbrio na postura em função da carteira no bolso. Anos depois, começam a aparecer as dores e a pessoa nem imagina o motivo". Para avaliar se a dor no nervo ciático é decorrente de hérnia de disco ou de alguma outra causa, deve-se procurar um especialista, que poderá dar o diagnóstico correto. "O exame é clínico e só pode ser feito pelo médico, que analisará o quadro e, dependendo do caso, solicitará exames", explica Elias.



Tratamentos

Em relação ao tratamento, o médico Alexandre Elias conta que, em 90% dos casos, a dor é bem controlada com medicamentos (anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares). E que podem ser acompanhados de fisioterapia analgésica, RPG ou acupuntura, sempre sob orientação médica.

"A acupuntura, por exemplo, é amplamente empregada para aliviar a dor. E a melhora já ocorre após algumas sessões. Mas, ao contrário do que se pensa, apenas os pacientes graves, que não apresentam melhora da dor com os tratamentos conservadores, possuem indicação para cirurgia", complementa.


Nestes casos, a técnica cirúrgica empregada é videolaparoscópica, em que são feitos pequenos cortes na pele e no músculo para remover esse material gelatinoso que causa a pressão contra o nervo, com o auxílio de um microscópio. Em 95% dos casos, a melhora do paciente é significante ou definitiva.
"Apenas a remoção da hérnia é suficiente na extrema maioria dos casos. Alguns pacientes, no entanto, podem necessitar de cirurgias maiores e invasivas, como o implante de parafusos que, no entanto, é importante observar, deve ser considerada uma rara e última opção", pondera Elias.
Roger Brock, neurologista do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, complementa: "A técnica para remoção de hérnia é realizada apenas em 5 a 10% dos pacientes. A dor de hérnia de disco só leva à cirurgia quando o paciente tem a chamada dor refratária, que persiste após cerca de quatro meses de tratamento e repouso".


A dor no nervo ciático se inicia na região lombar, passa pelas nádegas e afeta até as pernas

Mudança de hábito

O especialista do Hospital Sírio Libanês comenta ainda que, para evitar o problema, é preciso adquirir hábitos saudáveis como: cuidar da postura, carregar peso de forma correta, praticar atividade física com orientação, não ter sobrepeso, não ser sedentário e não ficar horas seguidas sentado no trabalho. "Deve-se mudar a posição, levantar, alongar e caminhar em intervalos de uma hora durante o trabalho ou estudo", ensina.

Alexandre Elias afirma também que é importante praticar atividade física regular e ter o peso equilibrado: "Assim, a musculatura se mantém mais firme, o que ajuda a preservar a coluna no lugar e sem sobrecarga, contribuindo para afastar as dores do nervo ciático. Porém, atividades físicas como caminhar ou nadar são contraindicadas durante uma crise aguda (com dor forte) porque existe o risco de se agravar o problema".

E o médico Rogério Sawaia, por sua vez, recomenda: "Desde criança, deve-se observar a postura. Ao assistir TV, ao estudar, ao brincar. E a mochila da escola deve ser a de rodinhas, para não ter de carregar o peso do material. Além disso, é preciso escolher atividades físicas que não forcem a coluna, a exemplo da natação. Já outras práticas esportivas que envolvam saltos frequentes e sem o devido preparo da musculatura, como acontece muitas vezes com crianças que praticam ginástica olímpica, devem ser evitadas para afastar problemas futuros", conclui.




terça-feira, 24 de setembro de 2013

Por que os médicos usam roupas verdes ou azuis nas salas de cirurgia?

Mais do que uma questão de moda ou estilo, os jalecos verdes ou azuis dos médicos ajudam a salvar vidas durante as cirurgias, impedindo que os doutores deixem de perceber as nuances da cor vermelha.





É tudo uma questão de extremos opostos no espectro de cores: as diversas nuances do vermelho, presentes em abundância nas cirurgias, são as cores complementares de diversos tons de azul e verde.
Ou seja, o vermelho e suas variações estão no extremo oposto do azul e do verde no espectro de cores.

Um coração vermelho ou azul-esverdeado?

Faça um teste: visualize a imagem abaixo por pelo menos 10 segundos e, em seguida, olhe para uma superfície branca.






Você também viu um coração azul-esverdeado?
Seria algo mais ou menos dessa cor que um cirurgião veria se tudo à sua volta, inclusive os jalecos de outros médicos e enfermeiros, fossem totalmente brancos dentro da sala de cirurgia.

Fantasmas de cores complementares



Para impedir que os cirurgiões e os profissionais auxiliares se distraiam com essas ilusões de ótica, vendo “fantasmas” de cor verde para onde quer que olhem, é que surgiu essa ideia de substituir os jalecos brancos nas salas de cirurgias pelos da cor verde ou azul.
Assim, os tais “fantasmas verdes e azuis” se fundem à cor dos jalecos, deixando de se tornar uma distração. Quem confirma a teoria é Paola Bressan, pesquisadora de ilusões visuais da Universidade de Padova, na Itália.

De onde surgiu a ideia?

De acordo com um artigo de 1998 do Today’s Surgical Nurse, a ideia dos jalecos coloridos foi difundida no começo do século 20 por um influente médico que defendia que o verde e o azul seriam cores mais confortáveis para um médico visualizar durante as cirurgias — justamente pelos motivos que acabamos de explicar. Antes disso, os jalecos usados nas operações eram totalmente brancos.


Que falta de sensibilidade!




E não é só isso: o nosso cérebro interpreta cores em sua relação uma com as outras e, olhando por muitas horas para variações entre vermelho e rosa, o sinal dessas cores no cérebro desvanece e o cirurgião pode correr o risco de ficar dessensibilizado com as nuances entre os tons de vermelho.
Então, olhar para algo verde ou azul, de tempos em tempos, ajuda o cérebro a ficar mais sensível ao vermelho, segundo John Werner, psicólogo que estuda a visão na Universidade da Califórnia.
E você, o que achou dessa curiosidade?
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