terça-feira, 20 de dezembro de 2016

sobre ser madrasta.

Queridos amigos e pacientes

Gostaria de dividir com vocês o texto da Mariana Camardelli, publicitária, que hoje faz sucesso em São Paulo, e que já trabalhou comigo. Coisas que acontecem na nossa vida e gostei tanto que pedi para ela para compartilhar no meu blog. 


sobre ser madrasta.

observação 1: estava na beira da praia observando meus enteados correrem de um lado pro outro jogando. queria tirar aquela soneca gostosa com barulho de mar, mas fui atacada por esse texto abaixo. espero que ele sirva para inspirar mais famílias que acabaram mudando seu percurso ao longo do caminho, e que faça a gente refletir sobre o que realmente importa. espero que ele tome o lugar de vários textos e definições absurdas que existem na internet sobre o tema.
observação 2: o texto ficou menor que essa versão final, mais simples, mas quando passei pro computador comecei a pesquisar o que existe sobre o termo madrasta na internet. e, gente, parece que temos problemas sérios. dicionários informais e textos bastante incômodos apareceram na minha tela. surreais, eu diria.
isso é o que aparece quando você digita madrasta no google. esse fig. é o sentido figurado. quem precisa de um sentido figurado como esse para um termo?

no good, né?

essa é uma outra definição, também péssima, que desconsidera casais de mulheres e vai além, falando em vexames e dissabores. caraca, seres humanos, estamos indo de mal a pior.
agora vamos para o dicionário informal, a coisa piora. e bastante. (esse dicionário é escrito pelas pessoas. as mesmas pessoas que poderiam espalhar amor, alegria e good vibes pelo mundo, sabe? mas esse tipo de comportamento virou o que a gente acha ~normal nesse mundo.)
a que está no lugar da mãe, que substitui a mãe. não, gente. a pessoa tem uma mãe na vida. se a mãe infelizmente vier a falecer, a pessoa fica sem a mãe. ninguém entra no lugar dela. simples assim.
aqui temos uma luz no fim do túnel com a resposta da Lila. bem bacana. ❤
esse começou bem mas estragou tudo no final.
mais alguns que tem até ~arte pra falar merda, literalmente.
mandei email para todos esses sites em que achei essas definições absurdas. 
continuando a pesquisa, encontrei um blog de uma madrasta/mãe, muito meia boca, 
com vários assuntos superficiais e que instigam a competição. triste.
se alguém tiver alguma ideia ou saída pra gente colocar mais luz nesse tema, eu vou 
adorar ouvir e fazer acontecer. eu, pelo menos, cheguei em um ponto que preciso fazer 
alguma coisa. 
por mim e por todas as madrastas incríveis que estão por aí. isso é uma questão social.
e agora vamos ao meu texto. ❤
você não acorda um dia com um sonho para a sua vida: quero ser madrasta. não. isso 
não acontece.
você, como a maioria das mulheres que foram educadas por essa sociedade cujos valores 
estão bastante confusos, pelo menos pra mim, provavelmente sonhou com o combo casar 
e ter filhos. em algum momento.
casar é relativo, pra muita gente é uma festa. pra mim é uma escolha diária de evoluir ao 
lado da pessoa que a gente escolhe para compartilhar a vida.
eu não procurava, mas acabei conhecendo esse cara incrível que tem dois filhos. 
duas vidas de uma vida inteira que eu não estava. você chegou depois. você não tem 
nada a ver com muita coisa, e em vários momentos você vai se sentir sozinha, sem saber 
o que está fazendo ali.
você não decide ser madrasta, você se torna.
você decide investir na relação com aquela pessoa que já tem filhos, sim, e precisa ser
bastante consciente dessas outras vidas que serão afetadas pela sua escolha. quando 
você se vê, esta no google digitando coisas tipo “como ser madrasta”. como se o google
 soubesse alguma coisa sobre viver.
você não escolhe isso, isso apenas acontece.
(aqui um parênteses para falar da minha madrasta, que queria casar e ter netos. sim, 
talvez ela quisesse ser madrasta, pensando bem. desde que me tornei madrasta penso 
bastante nela e nesse papel dela comigo e com a minha irmã durante toda essa vida 
que ela está ao lado do meu pai. como é bom quando a gente consegue DE FATO 
entender o lugar do outro, né?)
e aí, para mim, é que mora a mágica. como são lindas as coisas que simplesmente 
acontecem com a gente.
você se encontra nesse lugar: você não é mãe, muito menos a mãe deles, esse 
é o primeiro ponto. mas você vai se encontrar fazendo coisas por eles. você não precisa, 
mas vai.
não precisa cozinhar, mas vai. não precisa levar no dentista, mas vai. e vai adorar. não 
precisa levar e buscar lá e cá, mas vai. não precisa acordar de madrugada, não precisa 
ler gibi, não precisa minerar bitcoin, não precisa perguntar se fez cocô. mas vai. e muito. 
você não precisa convidar os amiguinhos pra dormirem em casa, não precisa ir junto no 
hospital quando ficam doentes. mas vai. e vai encontrar o tempo pra tudo isso. e mais: 
vai entender que o sentido da vida está justamente nessas coisas.
você vai suspirar (profundamente) e sentir uma tormenta de sentimentos, de rejeição, 
de não pertencimento, de amor profundo, de saudades, de tudo. ao mesmo tempo.
as pessoas vão dizer que você não entende, porque você não é mãe. está certo, você
 não é mãe. mas de alguma forma, bem lá dentro do seu coração, você entende. porque 
você sente.
você vai ler livros sobre a psicologia das crianças, vai tentar conversar sobre os 
sentimentos deles, vai se sentir em casa só quando eles estiverem, vai sofrer a 
mesma saudade que o pai deles sofre quando eles se vão.
vai dizer eu te amo e nunca esperar o “eu também”. e ai quando vier essa resposta 
você vai entender o sentido de se doar desinteressadamente.
você pode escolher ser a namorada do pai deles. a esposa, de repente. ou você pode 
escolher ser a madrasta. e estar ali, pertinho. é isso que eu escolho. todos os dias.











os meus enteados. ❤
desejo que a gente pare de simplesmente recolher o inconsciente (literalmente!) 
coletivo sobre determinados assuntos e que a gente passe a escolher nossos 
próprios destinos. desejo que a gente nem pense em como as coisas sempre 
foram, mas que escolha diariamente como quer que elas sejam.
desejo que os ambientes sejam repletos de respeito, cuidado e consciência. é assim 
que vamos criar os adultos que a nossa Mãe Terra tanto precisa.
desejo que todas as pessoas consigam acumular compaixão pelo lugar da outra. que 
elas consigam sentir de verdade a empatia que todos precisamos pra empurrar esse 
mundo um pouco mais pra frente. que a gente respire mais, exploda menos, julgue
 menos e faça mais silêncios de alma. um 2017 puro e transparente para vocês. 
amém. ❤
Fonte: https://medium.com/@marianacamardelli/sobre-ser-madrasta-36a276a2ee12#.w7ufbg5aa

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